Antonio
Francisco BOBROWEC
Eliane
Mimesse PRADO
Artigo científico publicado nos Anais do V Simposio Iberoamericano de História, Educación e Patrimonio Educativo. VII Jornadas Cientificas de la SEPHE. Tema: Espacios e Patrimonio Histórico-educativo. Donostia-San Sebastian/Espanha. jun/jul 2016. p. 267-276
Acesso: file:///C:/Users/Documentos/Downloads/ESPACIOS_Y_PATRIMONIO.pdf
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Introdução
O presente trabalho visa entender como se
constituíram os espaços escolares no Município de São José dos Pinhais,
localizado no estado do Paraná, região sul do Brasil. Pretende-se verificar a relevância
deste patrimônio para o desenvolvimento e progresso da localidade,
principalmente a partir da instauração do regime republicano em 1889. A
pesquisa visa entender como o patrimônio escolar apresentou, ao longo de sua
trajetória, indícios da constituição da identidade da comunidade local, no
espaço urbano do Município.
O principal objeto deste artigo é a formação,
criação e constituição do Grupo Escolar
Silveira da Motta, do seu surgimento ainda como cadeira de instrução, em
1908, até a fundação do novo edifício do Grupo Escolar, nos anos 1950, bem como
seus desdobramentos como patrimônio do Ensino Ginasial, Normal e Profissional.
A metodologia foi baseada na pesquisa
documental e bibliográfica. Para tanto, foram verificados os acervos dos
arquivos do Museu Municipal de São José dos Pinhais, do Conselho Municipal de
Patrimônio Cultural, do Núcleo Regional Sul da Secretaria Estadual de Educação,
da Coordenadoria de Documentação Escolar do Paraná, do acervo do Colégio
Estadual Silveira da Motta e dos periódicos da época.
1.- A
construção do primeiro patrimônio escolar
Em 1908, assume o poder municipal o capitão
Francisco de Paula Killian, permanecendo no cargo por três mandatos. Isso
trouxe estabilidade política à localidade, sendo possível pensar na realização
de obras como a do edifício que abrigaria o Grupo Escolar Silveira da Motta.
Outro detalhe relevante ao contextualizar o
fato político com a concretização e materialidade do espaço escolar deve-se à
formação dos líderes do Executivo dessa época. Assim como é sabido na história
do Brasil, a instauração da República foi liderada pela ala militar, de um
lado, e pela oligarquia latifundiária e pecuarista, de outro. Em São José dos
Pinhais, até a década de 1930, todos os prefeitos faziam parte da Guarda
Nacional.
Além disso, os dois primeiros prefeitos foram
renomados membros da maçonaria. A formação dessas pessoas, ao contrário de
grande parte da população daquele tempo, revelaria princípios positivistas de
ordem e progresso, materializando-os por meio de instituições e obras públicas
de relevância.
Foi Francisco Killian quem organizou o espaço
público da Cidade, com o aumento e o nivelamento das ruas do Centro urbano e a
destinação de um local de destaque para a constituição do edifício da primeira
escola pública do município. Esse, além de prefeito, também exerceu,
concomitantemente no período, o cargo de deputado estadual, o que era possível
na época. Talvez isso tenha colaborado, dentre tantas ações realizadas em sua
gestão como prefeito, na concretização do espaço patrimonial escolar nessa
época.
Havia no território de São José dos Pinhais
unidades escolares públicas, conhecidas como escolas isoladas. Elas eram, na
verdade, professores nomeados pelo Estado para dar aulas em locais determinado,
geralmente em uma casa ou sala locada pelo professor, onde eram ministradas as
aulas, geralmente para vários alunos em diversos níveis de aprendizagem. Apesar
do intuito ser a alfabetização da população por meio do ensino da língua
portuguesa. Em 1908, cansados de esperar por uma resposta do Governo do Estado,
que um grupo de pessoas, da elite social e política da época, resolveu dar
início à construção da primeira instituição escolar.
No mesmo ano, através da Lei Estadual n.º
788, de 2/04/1908, foi criada pelo governo do estado, uma Cadeira de Instrução,
destinada apenas para os meninos. Em 1912, foi inaugurado o edifício escolar no
centro da Cidade. Ele possuía 415,55 m², distribuídos em quatro salas de aula,
uma sala para a direção escolar, secretaria e dependências sanitárias. A
delimitação do espaço era feita por um muro com grades de ferro. Em 1914, passou
a ser denominado como Casa Escolar.
Assim, como a escola pública, ainda no início
do século XX foi feita uma praça contemplando um paisagismo que tinha, no
centro da Cidade, o símbolo da República do Brasil em forma de jardinagem. Com
esses fatos, ficou claro o novo modelo arquitetônica de Cidade, tendo como
marco não somente a igreja, mas também o patrimônio escolar.
2.- O
surgimento do grupo escolar
Apesar dos Grupos Escolares terem sido
implantados no país no final do século XIX, São José dos Pinhais ainda não possuía
um estabelecimento deste porte no início do século XX. Isso só ocorreu no ano
de 1919, substituindo a Casa Escolar de São José dos Pinhais. Ele passou a se
denominar Grupo Escola Silveira da Motta
– em homenagem ao juiz são-joseense Joaquim Ignácio Silveira da Motta, que
também foi chefe superintendente de Ensino do município no ano de 1884.
Os grupos escolares surgiram no Brasil como
um projeto republicano de renovação da educação no país, onde se deixava de
ensinar individualmente, por meio de aulas particulares, ou em escolas isoladas
para padronizar o ensino primário em escola graduada.
A organização dos alunos em
pequenos grupos – flexíveis e diferenciados – a cargo de um monitor, de acordo
com o grau de adiantamento para cada matéria, ensejava a adoção de uma
concepção particular de classe atrelada à aquisição de conhecimentos. O método
mútuo potencializou a utilização do quadro-negro favorecendo a frontalização do
ensino. Ensejou, também, a prática da aprendizagem simultânea da leitura e da
escrita e a repartição dos alunos em agrupamentos pautados no nível de
adiantamento. (Souza, 2009, p. 38)
Com isso, o grupo escolar passou a ser um
equipamento público de preparação da população para a nova realidade econômica,
que começava a surgir no Brasil, mesmo que de forma tímida. Nessa época, São
José dos Pinhais já tinha sua primeira indústria, de propriedade do imigrante
italiano João Senegaglia, localizada no centro da Cidade, onde se fabricavam
utensílios de alumínio para uso doméstico.
Segundo Colnaghi; Magalhães; Magalhães Filho
(1992), São José dos Pinhais possuía em 1924 uma população de 40 mil habitantes,
sendo 87% residentes da área rural. Na década de 1930, mesmo o país passando
por um expressivo impulso industrial, a educação na cidade não era vista pela
população como base para ascensão social. Muitos pais ainda deixavam de mandar
seus filhos para a escola para lhes utilizarem como mão de obra na lavoura e
nos afazeres domésticos.
Contudo, a elite intelectual e política da época
já avistava a educação como uma instituição de progresso social e que precisava
ser compreendida pela população como tal.
Quando
a professora Dolores Taborda Ribas assumiu a direção do Grupo Escolar Silveira da Motta, em 1934, encontrou-o em franca decadência,
uma vez que não havia ainda desenvolvido-se nos pais a consciência da
importância da educação formal de seus filhos. Contando com a colaboração do
juiz de direito James Portugal de Macedo, ela desencadeou uma campanha de
conscientização dos pais, de excelentes resultados na ocasião. Foi iniciativa
sua, também, a criação do curso complementar, de 2 anos, após o primário. Já
que São José dos Pinhais não tinha ainda o curso ginasial, o complementar
passou a valer como ginasial para o exercício do magistério (Colnaghi; Magalhães;
Magalhães Filho, 1992, p. 126).
Com o fim do Estado Novo no Brasil, com a
destituição de Getúlio Vargas do poder presidencial, o processo democrático
volta a ser instituído no país. Surge assim uma nova classe política em São
José dos Pinhais.
Até meados de 1940, mesmo o Município
possuindo dois grupos escolas – nessa época a Casa Escolar Afonso Pena já havia se tornado grupo escolar – quem
pretendesse estudar além do ensino primário teria que se deslocar até a capital
do estado para fazer o curso ginasial.
A cidade de São José dos Pinhais, nessa época,
começava a formar outras instituições públicas. Uma delas foi a fundação, em
1946, de uma sede do Rotary Club no
Município. A diretoria era composta pelo médico João Ernani Béttega
(presidente), pelo também médico Atílio Talamini (tesoureiro) e pelo advogado
Dario Marchesini. São esses personagens que atuaram decisivamente pela criação
do primeiro ginásio público da Cidade.
Cansados
de esperar que o poder público atendesse à antiga reivindicação pelo curso
ginasial, um grupo de são-joseense tomou a iniciativa e criou em 1947 o Ginásio
Costa Viana. Foram eles: O Dr. Atílio Talamini, Dr. João Ernane Bettega e Dr.
Dario Marchesini. Buscaram auxílio e orientação na pessoa do Dr. Luiz AnibalCalderari,
diretor do Colégio Parthenon da Capital (Colnagui; Magalhães; Magalhães Filho,
1992, p. 130)
Fazer parte do Rotary Club em São José dos Pinhais em meados do século XX, em suas
devidas proporções, seria como que um requisito para quem almejava a carreira
política, assim como foi ser membro da Guarda Nacional e da Maçonaria no final
do século XIX e início do de XX.
Logo depois da inauguração do Ginásio Costa Viana, a igreja católica
local inaugurou seu ginásio. Ele seria uma ampliação da Escola Paroquial São José:
[...]
São José dos Pinhais em 1950 ganhou novo ginásio, dirigido pelas freiras da
congregação francesa de São José. O Ginásio
São José funcionava no prédio que mais tarde a congregação venderia ao
Hospital Psiquiátrico Pinheiro. As irmãs de São José substituíram as irmãs da
Divina Providência, que desde o início da década de vinte administravam a Escola Paroquial São José. Tratava-se de
escola primária mista, com internato e semi-internato, onde gerações de
são-joseenses aprenderam, tanto as primeiras letras, quanto música, trabalhos
manuais e religião. (Colnaghi; Magalhães; Magalhães Filho, 1992, p. 131)
A nova escola católica erigida no centro da
cidade demonstra como a educação era importante para a população local.
Em 1947, São José dos Pinhais escolheu os
seus representantes, por meio de sufrágio universal.
Uma grande vantagem para a comunidade foi a
posse de Ernesto Moro como prefeito. Esse político assinou um contrato de
construção de um novo edifício, para ser sede do Grupo Escolar Silveira da Motta, com o Governo do Estado do Paraná.
De acordo com o arquivo do Departamento de
Patrimônio Histórico e Artístico da Secretaria Municipal de Cultura de São José
dos Pinhais (2002), o Departamento de Edificações do Estado do Paraná realizou
concorrência pública, no dia 21 de fevereiro de 1949, para a execução das obras
do novo prédio do Grupo Escolar Silveira da Motta.
A 8 de março de 1949, foi dado início ao
desenvolvimento do projeto de construção do edifício escolar. Para a sociedade local,
a construção desse novo patrimônio escolar foi encarada como um símbolo
histórico. Em 1953, a cidade completaria 100 anos de emancipação política. O
novo edifício do Grupo Escolar Silveira
da Motta foi ostentado como uma das obras públicas de maior relevância para
o progresso da cidade.
A euforia da sociedade são-joseense com o
novo edifício do Grupo Escolar não era banal. Seu tamanho era mais que o dobro do
prédio anterior, passando a ter quase 1.000 m² de pavimento térreo e 170 m², no
superior. Nele foram construídas oito salas de aula, de 48 m² cada uma. O
projeto contemplava ainda a construção de outros espaços, para abrigar a
biblioteca, o almoxarifado, o museu, a sala da diretoria, a sala de
professores, a secretaria, um gabinete médico e outro dentário, um depósito,
uma cantina e banheiros masculino e feminino.
O novo local atenderia às novas determinações
e concepções de espaço escolar, onde deveria haver condições de trabalho não
mais para um professor e sua turma, mas que pudesse abrigar uma equipe escolar,
tendo o diretor como seu administrador. O Grupo Escolar passou assim a ser um
patrimônio de destaque dentro do espaço urbano, sendo construído em local de
destaque e respeitando concepções modernas de ordem, limpeza e organização.
[...] a superioridade
organizacional e material desse tipo de escola fez com que fossem considerados
estabelecimentos escolares arquetípicos do que melhor havia no ensino público
primário. Muitos dos primeiros grupos instalados [...] foram dotados de prédios
especialmente construídos. [...] A qualidade dessas escolas primárias
republicanas servia como referência inconteste dos progressos do ensino público
comparado à situação das escolas de primeiras letras predominantes no regime
monárquico. [...] Tratava-se de um sistema de ensino modelar visto que todas as
instituições estavam organizadas nos moldes dos mais avançados processos
pedagógicos. (Souza, 2009, p. 30)
Contudo, o que era euforia passou a ser tema
de discórdia devido ao abandono das obras do novo edifício do Grupo Escolar.
Isso porque, o recém-eleito governador, era filiado ao partido político de
oposição ao do prefeito da cidade. De modo, a não existir continuidade nas
obras iniciadas no outro governo, onde Prefeitura e Governo de Estado
comungavam do mesmo partido político. Em 1954, a imprensa local começou a
denunciar a situação:
Nos
dias atuais a matrícula estará muito aumentada, frequência maior, naturalmente,
e as salas de aula são as mesmas de quando o prédio era considerado pequeno.
Alguma diferença existe, porém. É que atualmente, o prédio está carecendo de
reformas urgentes, estando com vidros partidos, caixilhos quebrados, goteiras
nas diversas salas, mictórios em condições anti-higiênicas e desconforto do
professorado e alunos. O prédio atual, sem receber qualquer reparo ou
melhoramento, dentro em pouco está em condições de não mais ser possível a sua
habitação, e os alunos naturalmente, entrarão em férias bem prolongadas por
falta de um local apropriado para serem ministradas as aulas. Não é justo que o
novo Grupo Escolar continue abandonado em sua fase final de construção, pelo
Governo, e esteja servindo de local para crianças brincar ou ainda de albergue
noturno (Correio de São José, 30/08/1954, p. 3).
Em entrevista realizada por Zem (2004) com a
professora Filomena Cozetti Galante, a primeira diretora do Grupo Escolar Silveira da Motta no novo edifício,
o impasse para a conclusão das obras só foi resolvido com a intervenção da
direção da instituição de ensino e o estreitamento de relações desta com o
secretário de Viação e Obras Públicas do Governo do Estado.
Quando
eu assumi a direção do Silveira da Motta [o antigo], estava com as telhas
quebradas, o gabinete não dava para entrar. As salas você precisa saber que
situação estava. No prédio novo eu fui a primeira diretora, em 1955, porque
quando eu assumi a direção quando era na Câmara de Vereadores, as obras do
Silveira da Motta estavam paralisadas, aí arranjei com Seu Ernesto um
cartãozinho para o Dr. Raul Macedo, que era Secretário de Obras e Viação, que
era o moço encarregado. Fui, Dr. Raul me mandou para o Palácio do Governo. Para
encurtar a história para você, eu ia toda semana na Secretaria e no Palácio do
Governo e em oito meses a gente conseguiu a inauguração do grupo (Zem, 2004, p.
54).
O ofício nº. 517/55, da Secretaria de Viação
e Obras Públicas, expedido pelo secretário e encaminhado ao secretário de
Educação e Cultura do Paraná, confirma a entrega do prédio à comunidade
escolar, mesmo em caráter condicional – ou seja, com a liberação judicial, sem
a conclusão total da obra. É o que atestam os Autos de Tombamento do Colégio
Silveira da Motta (2002):
Curitiba,
27 de setembro [de 19]55
Senhor
Secretário:
Tenho
a honra de levar ao conhecimento de Vossa Excelência que, pelo Departamento de Edificações,
desta Secretaria, a 14 do corrente, foi recebido o prédio destinado ao Grupo Escolar
de São José dos Pinhais, em caráter condicional, tendo em vista a grande
necessidade da ocupação do referido grupo, por essa Secretaria.
2) –
Outrossim, comunico a Vossa Excelência que as chaves do mesmo, foram entregues
à Sra. Diretora do Grupo Escolar daquela localidade. (Ofício, 1955).
O novo edifício do Grupo Escolar Silveira da Motta passaria a ser o patrimônio de
referência para o ensino público do Município. A instituição escolar também
passou a se adequar às Leis Federais, de 1942 a 1946.
Em 1956, passou a fazer parte do novo edifício
do Grupo Escolar o Ginásio Costa Viana, em 26 de janeiro de 1956, que deixava
de ser particular com a sua estadualização, e a Escola Normal Colegial Estadual
Henrique Pestalozzi, que oferecia o ensino profissional de formação para o
exercício do magistério.
No ano seguinte, em 1957, foi anexada à
escola de formação de magistério a Escola de Aplicação Olavo Bilac, de 1ª a 4
séries, destinada ao estágio dos futuros professores.
No ano de 1960, o Grupo Escolar sediaria uma
escola de Ensino Secundário de formação técnica em contabilidade, o Colégio
Comercial Estadual Roque Vernalha, funcionando no local até 1979.O ginásio
Costa Viana foi elevado a Colégio em 17 de março de 1959, mas permaneceu no mesmo
local do Grupo Escolar até o ano de 1967. Dois anos depois, foi transferido
para edifício próprio, local que se encontra até os dias de hoje.
Em 1972, o Grupo Escolar Silveira da Motta implantou
a Educação Integrada para adultos, no período da noite. No ano seguinte, passou
a ofertar o ensino de 5ª a 8ª séries, sendo de grande importância para
população local. Dois anos depois, o Grupo Escolar passou a denominar-se Escola Estadual Silveira da Motta.
No dia 21 de fevereiro de 1979, foi criado
pela Secretaria de Educação do Paraná o Complexo Escolar Iguaçu – Ensino de 1º
e 2 Graus, no prédio onde fora instalado o Ginásio Estadual Costa Viana. Nesse
espaço são sediados, além do Ginásio Costa Viana, a Escola Normal Colegial
Henrique Pestalozzi, o Colégio Comercial Estadual Roque Vernalha, o Grupo
Escolar Afonso Pena e a Escola de Aplicação Olavo Bilac. A partir daquele ano,
esse local passaria a abrigar o espaço de ensino profissional público de São
José dos Pinhais.
3.- O
tombamento do espaço escolar como reconhecimento de Patrimônio Cultural
O reconhecimento da importância, tanto
arquitetônica, quanto institucional, faria com que o Poder Executivo Municipal preservasse
a memória do antigo edifício escolar Silveira
da Motta.Com o tombamento do seu primeiro edifício, inaugurado em 1912,
como Patrimônio Cultural Municipal, através do Decreto Municipal nº 249/1980. O
imóvel abriga nos dias atuais a sede da Biblioteca Municipal.
Em 2004, o então edifício que abrigou o Grupo Escolar Silveira da Motta entre os
anos de 1955 a 1976 também foi tombado. A ação foi efetivada pelo Conselho
Municipal de Patrimônio Cultural do município, no dia 30/03/2004. O imóvel
funciona atualmente como Colégio Estadual Silveira da Motta.
Até os dias atuais, esses dois edifícios são
os únicos imóveis escolares tombados como patrimônios culturais da cidade de
São José dos Pinhais, em função de sua relevância à comunidade e ao progresso
da cidade.
Conclusões
O Grupo Escolar Silveira da Motta, dentre os
diversos espaços escolares de São José dos Pinhais, pode ser entendido como o
mais representativo para a constituição do patrimônio escolar do Município,
principalmente sendo ele símbolo do ensino público, entre os anos de 1908 a
1976, e pela importância que os dois edifícios, que o abrigaram representaram
para o patrimônio cultural da cidade.
Primou-se, também, por salientar a estreita
relação que a educação e o poder político tiveram no transcorrer do tempo, onde
o patrimônio escolar, seja no início do século XX com a inauguração da Casa Escolar, seja com o novo edifício
do Grupo Escolar Silveira da Motta nos
anos 1950, foi visto como obra de afirmação dos valores republicanos no município
e marco do centenário da história local.
Por fim, este texto procurou mostrar como a
escola foi se adequando às exigências legais do ensino no Brasil, o Grupo Escolar Silveira da Motta como uma
instituição amalgamadora de tantas outras escolas em um único patrimônio
escolar e da efetivação da Escola Profissional no município com a criação da Escola Normal Colegial Estadual Henrique
Pestalozzi e o Colégio Comercial
Estadual Roque Vernalha.
Bibliografia
COLNAGHI, M. C.; MAGALHÃES,
M. D. B.; MAGALHÃES FILHO, F. B. B. São José dos Pinhais: a trajetória de uma
cidade, Curitiba, Prephacio, 1992.
CORREIO DE SÃO JOSÉ, São José dos Pinhais, 30
de agosto, 1954.
PARANÁ. Lei Estadual n.º 788, de 02/04/1908.
SÃO JOSÉ DOS PINHAIS. Autos de Tombamento n.
004, Secretaria Municipal de Cultura, Colégio Silveira da Mota, 2002.
_____.Inventário
da Arquitetura Antiga de São José Dos Pinhais, Política Municipal de
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_____. Acervo fotográfico. Museu Municipal de
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_____. Departamento
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José dos Pinhais, 2002.
_____. Ofício nº. 517/55, Secretaria de
Viação e Obras Públicas de São José dos Pinhais, 1955.
_____. Decreto Municipal nº 249/1980,
tombamento como patrimônio cultural do edifício do Grupo Escolar, 1980.
SOUZA, R. F. Alicerces da pátria: História da
escola primária no estado de São Paulo (1890-1976), Campinas, Mercado das
Letras, 2009.
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